Wednesday, July 02, 2008

Hasta

O "Pedaços" está se aposentando. Despeço-me com uma frase do Sthendal bastante simples, mas forte o suficiente para comunicar a essência de tudo o que aqui já foi postado:

"O amor é uma flor delicada, mas é preciso coragem de ir colhê-la à beira de um precipício."



Sunday, June 22, 2008

Fuel for fire

(M. Ward)

My heart is always on the line
I’ve traveled all kinds of places
The song is always the same
Got lonesome fuel for fire

Got 45s to play at night
Got books to spend with every weekend
The story’s always the same
Got lonesome fuel for fire

Fuel for fire, a bitter ending
to a sweet, sweet day
Fuel for fire, the sour note inside
the orchestra wail
Fuel for fire, uncomfortable pauses
between famous last words
Fuel for fire, missing persons
in a small, small world

I dug beneath the wall of sound
I ended up back where I started
The song is always the same
Got lonesome fuel for fire

And so my heart is always on the line
I’ve traveled all kinds of places
The story’s always the same
Got lonesome fuel for fire

Wednesday, June 04, 2008

Mr. Big Man


Ele queria apenas caminhar antes que fosse tarde demais

e o inevitável tivesse se transformado em pedrinhas sob seus passos.

Ele ameaçava a força dos mares com a fumaça constante dos cigarros

que escondiam paúra e vergonha da possibilidade de seu ego naufragar.

Alvejado pelos meus sorrisos pronunciou as letras da submissão

e me deixou dias depois para salvar os pobres e injustiçados.

Mr. Big Man, words are his gun but I want them to come as kisses

Sua mãe lhe desejava felicidade, o povo o via como autoridade, os inimigos tentavam ser igualmente sóbrios, enquanto a ele só importavam as histórias e dele eu queria gerar filhos.

Mr. Big Man, words are his gun but I want them to come as kisses

Um homem comum, sentado sobre velhos jornais, olhares, riscos, discos e livros encaixotados, protegendo-se da intimidade e bebendo mais um gole, porque a alegria é uma vitória mas ele não sabe escolher.

E não vê, não vê, não vê...

Mr. Big Man, words are his gun but I want them to come as kisses

Mr. Big Man, words are his gun but I want them to come as kisses

Mr. Big Man, words are his gun but I want them to come as kisses

Tuesday, June 03, 2008

Orgulhosamente apresento:

Saturday, May 31, 2008

Passarim quis pousar, não deu, voou.

Falta bossa. O barulho incomoda. A melodia está desinteressante, contida demais. Metáforas estão incoerentes e inconseqüentes, sem recheio e sem cimento. Uma poeira de ausências. As palavras sofrem porque estão distantes da inspiração, enquanto o fio comprido da memória tenta juntar as histórias dos desejos que já não servem mais. Tudo muito. E sem espaço. A obra-prima do autor interrompida seguidamente porque... Falta dor? Qual o motivo desses desencontros que impedem o romance de ser publicado? Falta um arranjo completo com os acordes em seus devidos tons. Irrelevantes pecados são cometidos só por distração desesperada. Não se tem prosecco, então se bebe cidra e a comemoração se faz em forma de teatro, onde tudo é possível na tentativa de uma comunicação eficiente. Noites inteiras são gastas percorrendo milhares de quilômetros em estradas imaginárias. Aqui e lá. Um intrigante mistério. Onde, não é? Porque, afinal, a vida precisa ceder lugar! Minimalismos deliberados e dedicados para que o ator convença. Pausas ensaiadas, coincidências... Tudo muito. E sem espaço. Deve estar na hora de um belo bolero. Continuam tocando Bach. A imaginação tem medo de se machucar sozinha, portanto as palavras prosseguem mal cuidadas. Incólume: farsa dos sentidos. Os rios insistem e vencem. A paciência faz anos e enxerga mais longe. Durante o vôo, resta observar a paisagem. rrelevantes pevadevidos lugares acordes em sseus

Sunday, March 30, 2008

Episódio de decepção

Ela abriu a porta do apartamento por volta das 21h30. Entrou e largou as chaves sobre o balcão do bar, depois de se olhar no espelho ao lado das garrafas de vinho do porto por mais de cinco minutos. O cansaço agia em seu corpo como doses de gim: ele dava intensidade aos pensamentos e sensações e uma moleza que libertava os sentimentos contidos. Uma vontade de chorar invadiu sua garganta.

Sentou-se no sofá de couro branco, sobre a manta de estampa de pele de zebra e segurou o rosto com as mãos. Quando movimentou o olhar, deparou-se com a mesa de centro e sobre o círculo de vidro com cerca de dois centímetros de espessura que era sustentado por uma base de mogno lustrado, havia um pacote cuja origem ela desconhecia.

Observava-o na tentativa de entender como ele poderia ter sido colocado lá, por quem e quando. Não era o dia do seu aniversário, seus amigos não costumavam lhe preparar surpresas desse tipo, não tinha namorado e seus pais estavam muito preocupados com a reforma na casa deles para gastarem tempo com ela.

Começou a desfazer o laço de fita preta que envolvia a caixa quadrada do tamanho de uma melancia coberta por duas folhas de papel de presente azul petróleo. Abriu a caixa e viu um recipiente de vidro ocupado por um líquido cor de ouro. Ao tirar a tampa do pote ela sentiu um forte perfume. O aroma era extremamente agradável e respirá-lo provocava-lhe prazer; um cheiro que lhe lembrava a chuva caindo na areia da praia enquanto as ondas quebravam com força e cuspiam espumas translúcidas.

Mergulhou as duas mãos no líquido cor de ouro e bailava com os dedos enquanto os olhos permaneciam fechados e ela imaginava-se dentro do mar de águas mornas que a protegiam do granizo da tempestade. Não queria sair de lá e por muitos minutos suas mãos bailaram seguindo o ritmo de sua imaginação, que não cessava de lhe causar prazeres. Ela não se sentia sozinha.

De repente suas mãos começaram a arder e então abriu os olhos e o líquido estava agora negro e mais grosso. Atordoada, tirou as mãos do recipiente e notou que elas estavam inchadas. Sentia muita dor e medo. Afinal, não sabia o que era aquilo. Nunca soubera e fora atraída pela cor e pelo aroma que pareciam inofensivos. Mirava os dedos latejando e perguntava-se por que se permitiu tocar uma substância estranha.

Com o joelho direito, lentamente empurrou o pote de vidro em direção à extremidade da mesa de centro até que ele caiu no chão e o líquido negro espalhou-se pelas suas pernas. Ardia-lhe muito a pele que entrara em contato com ele.

Depois de poucos minutos o líquido havia evaporado e no chão estavam só os cacos de vidro. As mãos não estavam mais inchadas nem doíam, mas ela sentia-se traída. Recolheu os estilhaços e os colocou dentro da caixa. Pediria à empregada no dia seguinte que entregasse o pacote ao lixeiro.

Monday, March 24, 2008

Os Ombros Suportam o Mundo

Carlos Drummond de Andrade


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.